Três Casas para a Humanidade: Casa de Tempo

Rui Soares Costa, Pedro Campos Costa e João Galante.

25/03/2022
→ 11/04/2022

O projeto CASA DE TEMPO é o segundo de uma trilogia de instalações (CASA DE ÁGUA, CASA DE TEMPO e CASA DE AR), procura-se exatamente o oposto da eternidade. É contruído um edifício com matéria orgânica (tijolos de açúcar). Edifício que terá um ciclo de vida. Sujeito ao contexto (do clima, à biodiversidade da zona envolvente) este edifício transformar-se-á, acabando por se destruir. Esta é uma casa assumidamente efémera, na sua própria natureza mutável, adaptativa. Será como uma esponja, um registo do tempo em que perdurará neste mundo.

A CASA DE TEMPO parte da SWEET SERIES de Rui Soares Costa, onde se questiona a ideia da Pintura como um discurso imutável, imune à ideia de tempo – e nesse sentido atemporal. No lugar do quadro a óleo que é hoje idêntico ao que será daqui a mil anos, aqui trabalha-se o efémero. Para tal o tempo é utilizado como uma ferramenta que participa da construção de cada peça. Através da utilização de materiais orgânicos (açúcar e madeira) embebidos em verniz são construídas pinturas temporais e mutáveis, entidades vivas. São peças que evoluem com o passar do tempo. Cada peça terá um ciclo de vida, do momento da sua conceção, à transformação por que passará ao longo da sua existência até ao momento em que se destruirá. O ritmo deste processo é lento, fazendo corresponder o ciclo de vida desta série à escala do envelhecimento humano.

A CASA DE TEMPO utiliza açúcar sem a adição de quaisquer estabilizadores (e.g., verniz) pelo que a sua transformação no espaço público é acelerada, num ciclo de vida que se completa em algumas semanas.

A CASA DE TEMPO  é um projeto imersivo em colaboração entre o artista visual Rui Soares Costa, o arquitecto Pedro Campos Costa e o artista multimédia, performer e coreógrafo João Galante, realizado no âmbito do Programa GARANTIR CULTURA – República Portuguesa – Ministério da Cultura.

Bio

Rui Soares Costa (1981) estudou Pintura no Ar.Co enquanto se formou e fez investigação em Psicologia Social entre Portugal e os EUA. Interessado em processos cognitivos como a memória de pessoas ou a importância da ordem temporal na construção de significado sobre os outros, trabalha desde 2013 exclusivamente como artista plástico. A sua prática e investigação focam-se na perceção do tempo, mediante a sua suspensão, distensão e compressão. Trabalha intimamente com música contemporânea, sendo os seus projetos acompanhados por bandas sonoras originais. Tem desenvolvido uma colaboração especialmente próxima com o músico e artista multimédia André Gonçalves. Desde 2016 que promove no seu atelier no Olho de Boi o programa de residências artísticas Bull’s Eye – Artist in Residence Program, por onde já passaram mais de três dezenas de artistas, essencialmente internacionais. O seu trabalho encontra-se representado em coleções privadas na Alemanha, Espanha, Holanda, Índia, Portugal, Suíça, bem como na Coleção Berado (PT), José Costa Rodrigues (PT) e Art Fairs Collection (ES). É representado pela Galeria das Salgadeiras em Lisboa. Vive e trabalha entre Lisboa e o Olho de Boi.

Pedro Campos Costa (1972) é arquiteto, professor, editor e autor multidisciplinar. Funda o atelier Campos Costa Arquitetos em 2007. Foi Curador do Pavilhão Português na 14ª Exposição Internacional de Arquitetura_La Biennale di Venezia, com o projeto “Homeland. News from Portugal” (2014).

João Galante (1968) artista: artes visuais /performance /coreógrafo /encenador /bailarino /actor /músico. Director artístico da Associação Cultural casaBranca e do Festival Verão Azul. Co-programador do Festival Verão Azul e ex-co-programador do festival de música electrónica Electrolegos (Lagos). Desde 2002 trabalha em parceria com Ana Borralho  na produção de trabalhos de cariz transdisciplinar nos campos da performance-arte, dança, teatro, instalação, fotografia, som e vídeo. Temas frequentes no trabalho da dupla: corpo/mente, dentro/fora, eu/outros, privado/público, social/político, género/ambiguidade sexual, imaginário erótico, auto-retrato. Desde 2004 os seus trabalhos são apresentados em Festivais Internacionais em Portugal, França, Espanha, Suíça, Escócia, Reino Unido, Brasil, Alemanha, Inglaterra, Áustria, Itália, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Finlândia, Bélgica, Islândia, Hungria, Suécia, Estónia, Polónia e Grécia. Das peças criadas em conjunto destacam: MISTERMISSMISSMISTER, SEXYMF, NO BODY NEVER MIND, WORLD OF INTERIORS, UNTITLED STILL LIFE, ATLAS, LINHA DO HORIZONTE, ART PISS, PURGATÓRIO, AQUI ESTAMOS NÓS, SÓ HÁ UMA VIDA…, VÃO MORRER LONGE, GATILHO DA FELICIDADE, ESTELAS CADENTES (METAL E MELANCOLIA) ROMANCE FAMILIAR OU A REALIDADE AUMENTADA .